Mais de 43% dos brasileiros já gastaram influenciados por… influenciadores; saiba como evitar as compras por impulso

No Brasil, as redes sociais têm forte apelo aos consumidores
Pontos-chave:
  • Primeiro, descubra seu gatilho: pense o que te motiva a comprar
  • Ter um sonho ajuda a controlar as compras, já que você estará focado em alcançar o seu propósito

Mais de 43% da população brasileira já realizou uma compra por influência de uma celebridade ou influenciador digital, uma taxa significativamente maior que outras nações, como 17% no caso dos Estados Unidos.

Na profissão de influencer (termo para influenciador digital), a remuneração vem da capacidade de convencer as pessoas a comprar produtos dos patrocinadores. O negócio é tão rentável que cada vez mais celebridades aderem a este mercado, que paga muito bem.

Basta que eles façam um ou mais posts ou stories — depende do que foi acordado sobre o produto ou o serviço — destacando as supostas maravilhas do que estão mostrando. E é só olhar a conta corrente ficando mais gordinha.

De acordo com o estudo da plataforma de cupons Cupom Válido, com dados da Statista e HootSuite, sobre o poder dos influencers, o Brasil, com mais de 150 milhões de usuários de redes sociais, é o primeiro país do ranking mundial em que esses profissionais são mais relevantes para a decisão de compra.

Você já fez uma compra por influência de outras pessoas?

As pessoas ficaram mais em casa por conta da pandemia e o crescimento da navegação na internet foi quase que natural. Com isso, os infuencers que conquistam milhões de seguidores por meio da produção em contas, principalmente do Instagram e TikTok, ganharam cada vez mais notoriedade.

Logo depois do Brasil, na lista, aparece a China (onde nasceu o TikTok), com 34%. Os chineses são os pioneiros no chamado social commerce e live commerce, nos quais os influencers realizam divulgações e lives nas plataformas das redes sociais para divulgações de lojas e produtos. Em terceira posição no ranking mundial está a Índia, com 33%.

Na média, os brasileiros gastam 3 horas e 42 minutos por dia nas redes sociais, o que faz com que sejamos o terceiro país que mais utiliza redes sociais do mundo – somente atrás de Filipinas e Colômbia.

O país também se destaca como o segundo que mais usa o WhatsApp, o terceiro que mais utiliza o Instagram, e o quarto que mais fica conectado ao Facebook. E este tempo todo on-line se torna o palco ideal para as marcas apresentarem seus produtos por meio de pessoas com milhões de seguidores.

Como não fazer compras por impulso?

Ainda que a aquisição de algum produto tenha vindo por influência de uma celebridade, podemos dizer que essa compra foi feita por impulso. Para ficar longe dessa roubada, veja as belas dicas da Inteligência Financeira:

Primeiro, descubra seu gatilho: é um momento de autoanálise para pensar o que te motiva a comprar. É quando bate a tristeza? Quando tem promoção? É sobre um produto específico? Pensa com carinho, porque sabendo seu ponto fraco você se protege. Comprar sapatos é o que te enlouquece? Então, se você se deparar com uma promoção de tênis já se afasta, para de seguir perfis nas redes sociais de lojas de sandálias, vai se distanciando.

Também vale se questionar: “Eu realmente quero? Posso pagar? Eu preciso? O preço está bom?”. Pratique a boa sinceridade e só compre se as respostas forem sim. Ah, e confie na regra da espera e aguarde ao menos 72h antes de comprar de fato. Não custa nada e nesse tempo você avalia se é indispensável mesmo.

E tem as dicas clássicas: tenha um planejamento financeiro para ter controle dos seus gastos e saber quando a compra por impulso se tornar um problema. E faça listas, são ótimas para dar noção de quantidade e você visualizar mais facilmente se está exagerando.

Também é importante ter um objetivo. Ao ter um sonho estabelecido como meta, seja uma viagem ou a casa própria, você controla as compras focando em alcançar o seu propósito. Não teve jeito e comprou, mas agora está batendo o arrependimento? Saiba que o Código do Consumidor te dá um prazo de sete dias para notificar a loja e ter seu dinheiro de volta! Mas para isso é preciso que a compra tenha sido feita fora da loja, ou seja, pela internet, telefone, catálogo, entre outros.

Investimentos também podem sofrer influências

E não é apenas na hora de comprar algum produto que o brasileiro pode ser influenciado. O poder de persuasão dos influenciadores também acontece no segmento de investimentos. Isso porque, os influenciadores digitais conseguem mais engajamento quando falam de produtos financeiros do que quando tratam de assuntos gerais do mundo dos investimentos, revela uma pesquisa da Anbima realizada em parceria com o IBPAD (Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados). Tendo como base 406 mil postagens de 277 personalidades da internet, feitos de fevereiro a dezembro de 2021, o levantamento apontou que conversar diretamente sobre os ativos rendeu 44,5% mais curtidas, comentários e compartilhamentos do que abordar os demais temas de uma forma generalizada.

Como avaliar as dicas dos influenciadores?

Todo esse racional vale também para o mundo dos investimentos. O investidor que consome o conteúdo das redes precisa entender os riscos envolvidos antes de tomar uma decisão influenciado por famosos. A observação é da economista Patrícia Palomo, gestora de recursos e conselheira da Planejar. “Posso resgatar meu dinheiro a qualquer tempo? Posso vir a perder dinheiro? Quanto?”, lista a especialista sobre as primeiras indagações que podem ser feitas ao avaliar uma dica.

Não tenha medo de ficar de fora das novidades

Analisar se o ativo faz sentido dentro da carteira, se está dentro do perfil de investidor, da tolerância ao risco da pessoa e se atende os objetivos traçados em um determinado horizonte também são fatores importantes. A gestora ressalta os perigos de não considerar todos esses pontos. “O investidor fica mais suscetível aos vieses comportamentais associados a essas ofertas de produtos, como o FOMO (fear of missing out, na sigla em inglês), que é o medo de ficar de fora da novidade que está todo mundo participando e acabar investindo em algo que não vai ser adequado ao seu perfil”, explica. “Depois que o produto dá problema e o investidor percebe que não deveria ter investido nele, aí já é tarde. Ter um plano é fundamental para não cair em ciladas”, reforça Palomo.