Você teria um investimento de impacto na sua carteira?

Investimento de impacto é um termo que tem ganhado tração nos últimos anos. Ele é feito em empresas e organizações que geram, além do retorno financeiro, um impacto social e/ou ambiental. “Essa classe de ativos tem um duplo objetivo: endereçar questões sociais ou ambientais prementes, ao mesmo tempo em que buscam retornos financeiros. Um fator fundamental ligado aos investimentos de impacto é mensurar o impacto causado pelas empresas”, ressalta José Geraldo Setter Filho, professor Teaching Fellow no Insper.

Mas, atenção: apesar de serem conceitos próximos e partirem do mesmo princípio, investimentos de impacto e negócios de impacto são diferentes. “Os negócios de impacto são aqueles que lidam com o problema social ou ambiental em foco, buscando impacto positivo e retorno financeiro. Já os investimentos de impacto são justamente os recursos investidos em negócios de impacto. Logo, é possível investir em um negócio de impacto tornando-se diretamente sócio da empresa, ou então, via um fundo de investimento de impacto, que pode alocar seus recursos entre distintos negócios”, explica Setter. 

Investimento de impacto e ESG são a mesma coisa?

Existe uma diferença entre investimentos de impacto e ESG. Os investimentos de impacto são focados no resultado do trabalho de empresas e em como elas resolvem os desafios sociais e ambientais. Já os investimentos ESG focam em empresas comprometidas em ter uma operação mais sustentável em termos ambientais, sociais e de governança.

Quem deseja entrar nesse mercado pode investir por meio de gestoras de recursos que oferecem fundos com esse foco. Geralmente, esses investimentos são feitos em ações ou títulos de dívidas corporativas. “Uma gestora pode ter mais de uma tese de investimento em impacto, cada uma dessas teses aplicada a um fundo específico”, explica o professor. 

E a rentabilidade?

Existem opções para todos os gostos e bolsos, e a rentabilidade varia. Analisando o Safra Impacto ASG, oferecido pelo banco Safra, o saldo nos últimos 12 meses foi negativo: de -14%. O aporte inicial é de R$ 1 mil. Já o Warren Equals FIA, fundo da Warren que investe em empresas com políticas de equidade de gênero, registrou rentabilidade de 9,69% nos últimos 12 meses, com aporte mínimo de R$ 1. 

No caso dos investimentos de impacto, a rentabilidade é importante, mas não é o único foco. Além disso, os resultados nem sempre vêm no curto prazo. “Para se chegar ao impacto esperado, muitas vezes é preciso um período maior de tempo, ou seja, é preciso aquilo que se costuma chamar de capital paciente. E o investidor em impacto tem essa característica de ser mais paciente, pois quer algo mais além do lucro econômico: ele busca contribuir para legar um mundo melhor para as gerações futuras, sem renunciar ao resultado econômico que é a remuneração do seu capital investido”, ressalta Setter.