Casa própria: você precisa de uma?

Mais do que dinheiro, a casa própria depende de um fator que poucas pessoas levam em consideração
Pontos-chave:
  • Cerca de 14 milhões de famílias brasileiras ainda sonham em ter a casa própria
  • Nos primeiros oito meses de 2021, os financiamentos dobraram de volume, chegando a R$ 137 bilhões
  • Antes de decidir comprar ou alugar, é importante entender seu momento de vida, taxas do mercado e olhar para o próprio bolso

Você gostaria de ter um imóvel no seu nome? Pois cerca de 14 milhões de famílias brasileiras sim. O número é resultado de um estudo feito pela Datastore Series, que mediu a demanda imobiliária entre maio e junho deste ano.

“São duas coisas. Primeiro: a casa própria é um porto seguro para as famílias. Segundo: o imóvel se tornou uma tradição, porque durante décadas ele foi o principal investimento dos brasileiros”, afirma Gustavo Cerbasi, palestrante e especialista em finanças pessoais. 

Mas, Cerbasi faz um alerta. “Muitas pessoas pagam juros altos durante anos e a casa própria sai muito mais cara”, ressalta. Mesmo assim, o crédito imobiliário vem crescendo. Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (ABECIP), os financiamentos dobraram de volume nos primeiros oito meses de 2021, chegando a R$ 137 bilhões.

Ou seja: a casa própria pode até custar caro, mas as pessoas ainda querem uma casa para chamar de sua.

E isso serve para você? Vamos pensar juntos.

Quanto vale o show

Cerbasi afirma que o financiamento hoje, na maior parte das vezes, não é um bom negócio. “O financiamento é melhor se você tiver pelo menos 50% para dar de entrada”, diz. 

Pouca gente, no entanto, tem tanto dinheiro assim. E qual seria a saída? Para Cerbasi, o consórcio de imóvel pode ser uma solução interessante. “Principalmente se você paga o consórcio e tem uma boa reserva para dar um lance “, explica. Aqui, de novo, é preciso ter um bom volume de dinheiro, coisa que nem todos têm.

O que você tem a ver com isso

Mas agora vem o pulo do gato dessa história.

Cerbasi destaca que antes de olhar os valores e fazer contas você deve entender o seu momento de vida. “Quanto maior o potencial de mudança, menos vantajoso é comprar um imóvel. Para uma pessoa que está começando a carreira, que quer fazer um intercâmbio ou que se vê mudando de trabalho no futuro próximo, o aluguel é mais interessante. Neste cenário, pagar aluguel não é jogar dinheiro fora”, afirma.

Vamos pensar sobre as vantagens do aluguel. Alugar um imóvel te dá flexibilidade e a oportunidade de degustar diferentes estilos de vida. Faz sentido? Pode ser que sim, dependendo do momento da vida em que você está.

Nos grandes centros, há modelos imobiliários que vão além do aluguel. ​​Alexandre Frankel, fundador da construtora Vitacon e da plataforma de aluguel por assinatura Housi, entrou na era da “moradia on demand”. O cliente escolhe o imóvel, o período de estadia, paga no cartão de crédito e já pode entrar na nova casa mobiliada e com serviços de TV, internet e enxoval. “Falar de moradia flexível, para mim, é falar de liberdade”, diz Frankel.

Quatro perguntas para fazer antes de decidir entre alugar ou comprar um imóvel:

  1. Qual seu momento de vida? Você precisa ter alguma noção sobre seus planos para o futuro. Se deseja criar raízes no bairro onde está, constituir família e não se imagina em outro lugar, pode ser uma boa ideia comprar um imóvel. Por outro lado, se você tem um trabalho que exige grandes mudanças ou quer explorar lugares diferentes, se comprometer e assumir uma dívida a longo prazo será um problema.
  2. Como está seu bolso? Uma decisão como essa exige certo planejamento financeiro. Analise seu bolso. Você tem dinheiro guardado para dar uma polpuda entrada em um imóvel? E segura o tranco para assumir um compromisso que vai levar anos para terminar? Quanto da sua renda estaria comprometida neste caso? São perguntas importantes e, quanto mais detalhadas forem as respostas, menor será a chance de você dar uma tacada errada.
  3. Quais são as taxas e condições do mercado? Se sua resposta foi sim para a compra, o cenário fica muito favorável quando você se propõe a quitar em até seis anos. “O melhor é escolher opções com taxas prefixadas. No caso de pós-fixadas, é importante ter cuidado, pois um índice pode mudar ao longo do tempo e trazer surpresas. Você corre o risco de não conseguir pagar no meio do caminho”, afirma Gustavo Cerbasi.
  4. E se você investisse o dinheiro, em vez de comprar o imóvel? Uma conta simples pode ajudar. Suponha que você queira comprar um imóvel no valor de R$ 400 mil e conseguiu juntar esse dinheiro. O aluguel dele custaria R$ 2 mil. Divida o aluguel pelo valor do imóvel. Nesse caso, o resultado é 0,005. Depois, multiplique por 100, o que dá 0,5%. Essa é a chamada “taxa de retorno do imóvel”. Se você conseguir uma aplicação que lhe renda mais do que esse 0,5% por mês, valerá mais a pena investir do que comprar o imóvel.