Veja a opinião de analistas sobre os resultados da Via no 1º trimestre

Lucro da controladora despencou 90% em relação ao ano passado
Pontos-chave:
  • Vendas virtuais da companhia continuam crescendo
  • Inflação e desemprego vão continuar impactando resultados

A Via (VIIA3) reportou lucro atribuído à controladora de R$ 18 milhões no primeiro trimestre de 2022, queda de 90% em relação ao mesmo período do ano passado. O lucro líquido, por sua vez, foi de R$ 86 milhões, 52,2% menor na comparação com a base anual. Veja, abaixo, a opinião do mercado sobre os resultados da companhia e as perspectivas para as ações da empresa:

Itaú BBA: ganho de produtividade nas lojas

A Via reportou resultados melhores do que o esperado no primeiro trimestre de 2022, com destaque para o crescimento na lucratividade, apesar dos fatores contrários macroeconômicos e das vendas fracas em especial em lojas físicas, diz o Itaú BBA, em relatório. Os analistas Thiago Macruz, Helena Villares e equipe escrevem que as vendas brutas totais (GMV) on-line cresceram 4%, em linha com as estimativas, enquanto as vendas em lojas físicas continuaram a apresentar desempenho fraco, embora o retorno de vendas mesmas lojas para o território positivo indique uma recuperação.

A lucratividade, por sua vez, foi o destaque do trimestre, dizem os analistas. A empresa reportou um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 758 milhões, refletindo controle de despesas e ganhos de produtividade em lojas, gerando uma margem Ebitda de 10,2%, aumento de 2,5 pontos percentuais (p.p.).

“O desempenho positivo foi impulsionado por esforços comerciais e penetração alta no nível de margem bruta, alavancada por iniciativas aprimoradas de controle de despesas, apesar do cenário inflacionário”, dizem os analistas. “Esperamos que os investidores acompanhem de perto a evolução da melhoria de margem nos próximos trimestres.” Eles reconhecem, porém, que a empresa está exposta a uma perspectiva desafiadora.

O Itaú BBA manteve sua recomendação neutra para as ações da Via, com preço-alvo de R$ 4,7, potencial de alta de 69,7%.

XP Investimentos: crescimento do marketplace

A Via apresentou resultados robustos no primeiro trimestre, com a rentabilidade sendo o principal destaque no período, mas a dinâmica de curto prazo da companhia se mantém desafiadora, diz a XP. A casa aponta que o Ebitda ajustado veio 13% acima do esperado, enquanto a margem Ebitda melhorou 1,4 ponto percentual em um ano.

Os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt escrevem que o volume bruto de mercadorias (GMV) da empresa cresceu 4%, impulsionado pelas vendas do marketplace, enquanto o GMV das lojas físicas subiu 3% devido ao plano de expansão da companhia combinado com uma base de comparação mais fácil.

“O lucro líquido foi de R$ 18 milhões, acima de nossas expectativas, explicado por resultados operacionais mais fortes que o esperado e subsídios fiscais, mais que compensando maiores despesas financeiras”, comentam.

A XP tem recomendação neutra para Via, com preço-alvo em R$ 7, potencial de alta de 160,2% sobre o fechamento de ontem.

Credit Suisse: pressão da inflação, juros e desemprego

Os resultados da Via no primeiro trimestre mostram sinais de crescimento, com melhora na dinâmica de receitas, mas não muda o cenário desafiador da empresa no curto prazo, diz o Credit Suisse. Os analistas Victor Saragiotto e Pedro Pinto informam que a companhia teve vendas nas mesmas lojas positiva em 0,3% no segmento físico, acima das estimativas, enquanto no canal de comércio eletrônico os indicadores vieram dentro do esperado. O lucro líquido de R$ 18 milhões nos primeiros três meses do ano também superou expectativas, com o banco suíço esperando prejuízo de R$ 51 milhões. O indicador foi ajudado por um lucro bruto em 30,7% e Ebitda ajustado em R$ 673 milhões.

Apesar dos números, o cenário macroeconômico desafiador, com inflação subindo, alta nos juros e taxa de desemprego elevada, vai continuar pressionando o operacional da companhia e as ações delonga duração.

O Credit Suisse tem recomendação neutra para Via, com preço-alvo em R$ 4, potencial de alta de 48,6% sobre o fechamento de ontem.

Citi: números piores do que o esperado

Os resultados da Via no primeiro trimestre de 2022 registraram crescimento abaixo do esperado, mas margens muito melhores, graças a um maior controle de despesas, especialmente despesas com funcionários, em uma mudança na forma de estratégia ante o ano passado, mais centrado no crescimento, avalia o Citi, em relatório.

A Via reportou um lucro de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) contábil ajustado de R$ 673 milhões, 32% acima da previsão do Citi, impulsionada principalmente por despesas de caixa muito abaixo do esperado, confirmando o compromisso da Via com um controle mais rígido sobre as despesas e foco renovado na melhoria da lucratividade, escrevem os analistas João Pedro Soares, Felipe Reboredo e equipe.

Eles destacam que, apesar do Ebitda melhor do que o esperado, as vendas líquidas ficaram 4% aquém do previsto, refletindo um crescimento das vendas brutas totais (GMV, na sigla em inglês) abaixo do esperado, principalmente nas lojas físicas, que ficou 6% abaixo das estimativas do Citi. No trimestre, foram inauguradas 22 lojas, dentro do plano de expansão da empresa, dizem os analistas.

Para eles, a notícia negativa do trimestre foi o aumento da alavancagem e deterioração da qualidade de crédito, realidade compartilhada por muitas empresas do varejo. A qualidade da carteira de crédito piorou, com inadimplência de 90 dias atingindo 9%, de 8,7% no trimestre anterior e 7,9% nos três primeiros meses de 2021.

“Continuamos acreditando que a Via continuará priorizando as margens (pelo menos este ano), que é o movimento lógico diante da realidade macro mais dura. A grande questão é como e quando a Via deve retomar o crescimento e ganhos de participação de mercado, principalmente em um ambiente mais desafiador no mundo on-line.”

O Citi manteve sua recomendação neutra para as ações da Via, com preço-alvo de R$ 2,77.