Três perguntas para fazer antes de investir na Bolsa

Mais do que nunca, investir no mercado de ações não será para qualquer um em 2022; saber perder é um dos pontos fundamentais
Pontos-chave:
  • Setores de combustível, telefonia, saúde e finanças podem ser beneficiados no ano que vem
  • Antes de se aventurar na Bolsa, você deve se perguntar sobre riscos, liquidez e diversificação

Quando o assunto é Bolsa de Valores, podemos esperar de 2022 um ano bastante difícil. Com as previsões de baixo crescimento da economia, o investidor que pretende apostar em ações deve ter muita cautela. “Se estamos em um ambiente de baixo crescimento econômico, as empresas são impactadas, assim como a Bolsa de Valores. Esperamos um ano mais difícil que os últimos dois, mesmo com a pandemia. Estamos em um ciclo de aumento de juros, baixo crescimento e ainda tem o tempero das eleições”, ressalta Tiago Piassum, sócio da Marco Investimentos.

Nesse sentido, alguns setores podem ser mais ou menos afetados pela volatilidade. “Por ser um cenário complicado, o investidor precisa olhar para a Bolsa com uma perspectiva setorial”, explica Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos. Na visão dele, setores de combustível, telefonia, saúde e finanças podem ser beneficiados.

Já os setores imobiliário, de educação e de tecnologia podem enfrentar um momento delicado. “Acredito que o ano que vem não será tão favorável para eles, principalmente pela situação dos juros altos”, ressalta. Nicolas também destaca a siderurgia como um setor de alerta. “Ele deve sofrer mais no ano que vem. Por conta das Olimpíadas e para controlar a poluição, a China restringiu a produção de aço, o que provocou uma queda no mercado”, explica.

Três perguntas para fazer antes de entrar na Bolsa

Mesmo com setores em alta e algumas previsões, é impossível saber ao certo o desempenho da Bolsa no ano que vem. Você precisa ter em mente que esse é um ambiente de riscos em qualquer circunstância. “A volatilidade faz parte do processo de investimento na Bolsa, mas é ela que gera as grandes oportunidades a longo prazo”, ressalta Tiago, da Marco Investimentos. Antes de se aventurar no mercado de ações, você deve responder três perguntas:

Quanto você está disposto a perder?

Investir na Bolsa significa tomar riscos e, possivelmente, perder dinheiro. Por isso, só dê os primeiros passos se já tiver uma reserva de emergência e puder separar uma quantia de dinheiro que não fará falta. “Você precisa se perguntar se tem estômago para aguentar a volatilidade. Muitas vezes pensamos que sim, até começar a perder patrimônio. Para o ano que vem, você precisa ter ainda mais disposição”, ressalta Nicolas. 

Qual sua necessidade de liquidez?

Se você precisa resgatar esse dinheiro rapidamente, também não faz sentido entrar na Bolsa. Em um ambiente mais volátil, o ideal é que a estratégia seja pensada no médio e longo prazo. “Se você precisa quitar uma casa no ano que vem ou tem algum outro grande compromisso financeiro, a Bolsa pode não ser a melhor aplicação”, explica Nicolas. Nesse caso, o mais indicado são investimentos em renda fixa, com liquidez maior e uma rentabilidade previsível.

O quão diversificado é o seu portfólio?

“Muitos investidores acabam cometendo o erro de colocar todo seu capital na Bolsa, ou só em renda fixa, ou só em dólar”, ressalta Nicolas. Por isso, antes de entrar no mercado de ações você deve analisar sua carteira e entender se está ou não diversificando seus investimentos. “E isso vale não só na perspectiva dos ativos. Se eu sou um empresário, por exemplo, já tenho uma exposição e um certo risco. Será que faz sentido eu comprar uma ação e elevar o risco do meu patrimônio? São questionamentos que precisam ser feitos”. 

Depois disso…

Se passou por todas as perguntas e ainda assim quer entrar na Bolsa, é fundamental entender o ativo que está comprando e acompanhar o mercado. “Geralmente você vai precisar de um aconselhamento de um especialista no mercado ou acompanhar uma casa de research. É um assunto complexo. Mas, de uma forma geral, você precisa entender questões administrativas da empresa, de valuation, governança e o histórico daquela companhia”, ressalta Nicolas.