Qual é a relação entre o PIB e os fundos imobiliários?

O investidor de FIIs deve se preocupar com o crescimento da economia
Pontos-chave:
  • O PIB é importante, mas correlação com a Selic não está errada
  • Monitorar o nível de investimento no Brasil pode te ajudar a tomar as melhores decisões

O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil cresceu 1% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período no ano passado. A notícia não foi recebida com otimismo pelo mercado, que esperava crescimento de 1,2%. O indicador tem um peso na indústria de fundos imobiliários, mas você sabe qual a relação entre PIB e os fundos imobiliários?

Por que os fundos imobiliários estão ligados ao PIB?

Para começar a entender a relação entre PIB e fundos imobiliários, é preciso entender o que é o Produto Interno Bruto. Esse indicador é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos em um país. Olhando para o PIB dá para saber se a atividade econômica de um país vai bem ou mal. 

Para Marcos Baroni, analista-chefe de Fundos Imobiliários da casa de análise Suno Research, investidores associam os FIIs a juros, quando deveriam se preocupar mais com o PIB, que mostra se a economia está crescendo ou não. “Com uma economia enfraquecida, fatalmente veremos diminuição das áreas ocupadas por empresas, já que empresas novas não surgem e as que existem adiam seus planos; com isto, o risco de vacância aumenta”, diz Baroni.

O contrário também é verdadeiro: se a economia vai bem, a tendência é que o mercado imobiliário fique aquecido e a indústria de fundos imobiliários ganhe força com empresas investindo em novos projetos e contratando mais. 

Investimento das empresas precisa aumentar

Na última semana, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) também divulgou que o investimento na economia brasileira diminuiu 3,5% no primeiro trimestre na comparação com o último trimestre de 2021, e 7,2% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. 

O indicador mostrou que o Brasil precisa melhorar o volume de investimentos se quiser atingir um nível de crescimento acelerado. Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), a taxa de investimentos no Brasil deve ficar menor que a de 82% dos países em 2022. 

“Temos incertezas e isto afeta o mercado imobiliário. As empresas começam a segurar investimentos e não contratam mais, postergam a expansão e não alugam mais galpões logísticos e lajes corporativos”, explica Komura sobre a importância de olhar para o nível de investimento.

Por que a Selic é importante para os fundos imobiliários?

Apesar da reflexão proposta por Baroni, relacionar FIIs com juros não é um erro. A Selic tem relação direta com o andamento da economia e inclusive é uma ferramenta do Banco Central para estimular o crescimento. 

“É normal olhar para os juros, independentemente do que está acontecendo com a economia. As quedas nos juros servem para estimular a economia, e, quanto maior for o PIB, mais estável tende a ficar a Selic, enquanto a alta de juros tende a estagnar a economia”, explica Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos. 

Baroni também explica que os juros estão ligados ao PIB. Porém, há um ponto sensível para que o investidor de longo prazo fique atento à atividade econômica. “No curto prazo, o resultado do PIB não tem impacto direto nas cotações, mas se a economia não voltar a crescer, as empresas reduzem seus espaços e podemos ter aumento de vacância”, diz Baroni.

No longo prazo, o impacto da estagnação nos FIIs é grande

Ou seja, a alta ou queda do PIB pode não mexer tanto nas cotações quanto os anúncios do Copom em relação à Selic. Porém, quem olha para o longo prazo deve entender que a estagnação da economia é sinal de muita atenção para os investimentos em fundos imobiliários no futuro. E, como este é um mercado conhecido pelo pagamento de rendimentos e investidores focados no longo prazo, entender a relação entre PIB e FIIs é importantíssimo para o bem da carteira.