Considere investir em prefixados se você espera um ciclo de queda da Selic

Estratégia pode fazer investidores manterem boa rentabilidade mesmo com queda dos juros, mas há riscos
Pontos-chave:
  • Estratégia consiste em comprar prefixados apostando no início do ciclo de baixa da Selic
  • Se tudo der certo, investidor pode ter ativo que mantém boa rentabilidade mesmo com juros caindo
  • Apesar de ser uma estratégia em renda fixa, ainda há riscos envolvidos na operação

O boletim Focus do Banco Central (BC) de segunda-feira (8) mostrou que os especialistas do mercado financeiro esperam que a taxa básica de juros (Selic) termine 2022 em 13,75%, o que significa que a alta mais recente promovida pelo BC seria a última desse ciclo. O cenário pode representar uma oportunidade para um movimento arriscado: comprar títulos prefixados à espera de um movimento de baixa da Selic

Como funcionam os títulos prefixados

Os títulos prefixados são aqueles em que o investidor compra já sabendo qual o retorno que terá no vencimento do papel.

Esses instrumentos não estão ligados a números como o da taxa básica de juros e a inflação oficial. Se você investiu R$ 1.000 em um título que paga 12% ao ano, vai receber R$ 120 por ano que estiver com ele na sua carteira, até o vencimento, e isto não muda se a Selic subir ou descer. 

Acontece que esses títulos prefixados ficaram de lado com os juros e inflação subindo, já que ativos atrelados a esses indicadores estão pagando bem.

No fim das contas, investir em prefixados significa assumir mais risco, justamente porque o título não varia conforme um indicador. Então, você pode ganhar ou perder rentabilidade, dependendo do cenário. 

Bom para quem gosta de arriscar

Agora, porém, pode ser um bom momento para quem tem mais estômago para aceitar riscos e quer investir em prefixados.

Isto porque o mercado espera, segundo o Focus, que a taxa básica de juros caia a 11% ao ano em 2023. Se hoje os prefixados não são atrativos porque a Selic está subindo, o jogo pode virar se os juros caírem, já que os investimentos atrelados à Selic vão passar a pagar menos e os prefixados, como o nome já diz, vão continuar pagando o mesmo prêmio. 

Se esse descolamento acontecer, quem investiu em prefixados na alta da Selic pode se dar bem.

Além de garantir uma rentabilidade maior que os títulos ligados à Selic, o investir terá na carteira um ativo valorizado, algo que o mercado está procurando e poderá, inclusive, sair do investimento antes do vencimento do papel.

Os riscos da renda fixa

A operação pode ser lucrativa, mas isto não significa que não existam inúmeros fatores de risco nesta estratégia.

O principal deles é claro: mudanças no rumo da economia. Se a inflação surpreender negativamente, por exemplo, o Banco Central pode ser obrigado a manter a Selic em patamares elevados por mais tempo do que o esperado. 

Outra coisa que o investidor precisa saber é que o movimento de comprar prefixados esperando baixa da Selic aposta em um bom controle da inflação no Brasil.

“O investidor consegue rentabilidade elevada se a inflação ficar abaixo dos níveis atuais e tiver um bom controle; qualquer descontrole nos preços fará a rentabilidade sumir”, explica Henrique Castro, professor de finanças da FGV EESP (Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas). 

Títulos públicos ou privados?

Para esta estratégia, comprar títulos públicos é mais indicado pelos especialistas. Isto porque a liquidez de CDBs, LCIs, LCAs e debêntures, que podem ser prefixados, é menor que a observada em títulos do Tesouro Direto

Entre os títulos do Tesouro Direto, Francis Wagner, CEO do app Renda Fixa indica o Tesouro Prefixado 2025 e o Tesouro Prefixado 2029, sendo que “o último pode ser mais interessante, porque a duração do título é maior, o que aumenta a volatilidade do ativo, fazendo com que pequenas mudanças nas taxas alterem significativamente seus preços”. 

Quanto maior o investimento, maior é o risco

É importante reforçar que, para essa estratégia, quanto maior o período do investimento, maior o risco associado a ele.

“É mais fácil projetar o que vai acontecer nos próximos meses do que nos próximos anos”, lembra Bruno Kamura, analista da Ouro Preto Investimentos.

Porém, o investimento de longo prazo pode potencializar seus ganhos. É uma decisão que deve ser feita com base no perfil de risco, considerando o objetivo que foi dado ao dinheiro investido.