Por que o ouro sobe quando uma guerra começa?

Metal é considerado um investimento seguro e em momentos de crise é para ele que os investidores correm
Pontos-chave:
  • Uma das estratégias para os investidores se protegerem é apostar em commodities
  • A Rússia é um importante exportador de trigo e a Ucrânia tem papel relevante nas vendas globais de milho, trigo e oleagenosas, como soja

Em guerras ou eventos que abalam o mundo todo, como foi a pandemia de covid, os investidores têm a tendência de comprar ouro, porque ele é considerado um ativo seguro num ambiente de incertezas, ao contrário das moedas digitais, por exemplo.

E a invasão da Ucrânia pela Rússia nesta quinta-feira (24) tem mexido com os ativos financeiros do mundo todo. No mundo, as Bolsas operaram em queda, e o preço do petróleo passou de US$ 100 pela primeira vez desde 2014, com o barril do tipo Brent atingindo US$ 105.

Por que o ouro sobe?

Historicamente, o ouro é considerado um investimento seguro. Em momento de crise, é para ele que os investidores correm. No início da pandemia e com todas as incertezas que rondavam a crise sanitária, o movimento foi similar.

Hoje, ninguém no mercado consegue dizer qual será a extensão do conflito e quanto tempo ele deve durar. Só para você ter uma ideia, ontem (23), os preços dos contratos do ouro para abril terminaram a sessão em alta de 0,15%, a US$ 1.910,40 a onça-troy na Comex da Bolsa de Nova York. E hoje (24), subiam ainda mais. No comecinho da tarde, os contratos estavam em uma alta de 1,05%, a US$ 1.930,50.

Em relatório, o banco UBS avaliou que o ouro pode chegar a ser cotado a US$ 2 mil a onça. A leitura da instituição é a de que uma das estratégias para os clientes se protegerem nesse ambiente de incerteza é apostar em commodities – como ouro, por exemplo – dado que a Rússia é um importante país exportador de trigo no mundo, e a Ucrânia tem papel relevante nas vendas globais de milho, trigo e oleagenosas, como soja.

Com uma eventual interrupção no fornecimento desses produtos por conta do conflito, os preços tendem a subir no mercado global. “A Rússia responde por cerca de 40% das importações de gás da União Europeia e 30% das importações de petróleo, e é o maior fornecedor de trigo do mundo. A Ucrânia é um exportador de materiais de milho, trigo e oleaginosas”, escreveram os analistas do banco.

“Em meio ao risco de interrupções no fornecimento, pensamos que commodities podem ser um hedge (proteção) geopolítico eficaz para carteiras, além de oferecer uma atrativa fonte de retorno em um ambiente de crescimento acelerado, inflação persistente e taxas de juros mais altas. Nós pensamos um que uma escalada prolongada (do conflito) poderia empurrar os preços do ouro acima de US$ 2.000/oz.”

Com reportagem do g1