O que muda no Tesouro Direto com a alta do IPCA?

O cenário atual torna os títulos atrelados à Selic e ao IPCA mais atrativos. Saiba o que considerar antes de investir
Pontos-chave:
  • Com a alta do IPCA, títulos atrelados à inflação se tornam mais atrativos
  • A diferença entre o papel de prazo mais curto (2024) e o de prazo mais longo (2031) voltou a subir de maneira mais expressiva nos últimos dias

De acordo com o boletim Focus divulgado na primeira segunda-feira do ano (3), as projeções do mercado para o crescimento da economia brasileira em 2022 voltaram a cair, de 0,42% para 0,36%. Já a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), saiu de 10,02% para 10,01%, basicamente mantendo patamar elevado para o ano, segundo o Focus.

Em virtude da escalada da inflação, a taxa básica de juros, a Selic, deve subir novamente na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), em fevereiro de 2022. A taxa Selic, atualmente em 9,25% ao ano, deve sofrer novo ajuste da magnitude de 1,5 ponto percentual, informou a última ata do Copom, divulgada em dezembro.

Nesse contexto, o mercado de títulos públicos negociados no Tesouro Direto têm o terceiro dia seguido de alta nas taxas. Após uma subida mais expressiva no início das negociações, os juros recuaram um pouco na atualização das 11h40 desta quinta-feira.

Tesouro Prefixado

No caso do Tesouro Prefixado 2024, às 11h40, os juros oferecidos por esse papel eram de 11,51%, contra 11,65% ao ano, na abertura das negociações. Um dia antes, a taxa oferecida era de 11,47%. Com isso, o percentual pago por esse título alcançou o maior patamar verificado desde o dia 3 de dezembro de 2021.

No mesmo horário, o papel prefixado com vencimento em 2031 e pagamento de juros semestrais oferecia um retorno de 11,32% ao ano, abaixo dos 11,43% ao ano vistos no início da manhã. Os percentuais, no entanto, seguem acima dos 11,27% registrados ontem.

A diferença entre o papel de prazo mais curto (2024) e o de prazo mais longo (2031) voltou a subir de maneira mais expressiva nos últimos dias. Na atualização das 11h40, a distância entre os retornos dos dois era de 19 pontos-base (0,19 ponto percentual). Para fins de comparação, na última segunda-feira (3), a diferença entre os juros oferecidos por ambos era de 6 pontos-base (0,06 ponto percentual).

Tesouro IPCA

Entre os papéis de inflação, a remuneração real do Tesouro IPCA 2026 recuava de 5,34% para 5,28% ao ano, às 11h40. Na sessão anterior, o retorno real era de 5,21%. Da mesma forma, o papel com vencimento em 2055 e juros semestrais oferecia uma taxa de 5,52% ao ano, abaixo dos 5,60% ao ano vistos no começo do dia. No entanto, o valor é maior do que os 5,46% da sessão anterior.

No início dos negócios desta quinta-feira, a taxa oferecida pelo Tesouro IPCA 2055 chegou a se aproximar do patamar recorde oferecido por esse título que é de 5,68% e que foi alcançado em 29 de outubro de 2021. Esse papel começou a ser negociado em fevereiro de 2020.

O que você deve considerar antes de investir

Segundo Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, você precisa ter em mente o prazo da aplicação. No caso dos títulos do Tesouro atrelados ao IPCA, existem os que pagam juros semestrais e os que remuneram somente no vencimento. Ou seja, se você retirar antes da hora, pode perder dinheiro. Borsoi vê atratividade em títulos de curto prazo vinculados à Selic e IPCA. “Estamos em um cenário complicado para se alongar muito no prazo da aplicação”, ressalta.

Por fim, fique de olho na diversificação do portfólio. Segundo Borsoi, não concentrar todo o investimento em um só título ou apenas na renda fixa é uma boa estratégia. Mesmo que você tenha um perfil conservador, procure reservar uma pequena parte do dinheiro em outras aplicações. “O mercado financeiro nunca é unidirecional. Ter um conjunto de ativos te ajuda a conseguir uma boa performance e diminuir os riscos.” 

Para conferir taxas e rentabilidades dos títulos públicos, você pode acessar a página do Tesouro Direto.