Juros altos reduzem apetite de fundos de pensão por debêntures de infraestrutura

Por outro lado, há previsão de investimentos expressivos no setor
Pontos-chave:
  • As fundações podem investir até 80% dos recursos em debêntures de empresas de capital aberto, e 20% nas companhias fechadas
  • Há espaço para aplicações nos planos de contribuição definida e variável

Há previsão de investimentos expressivos de infraestrutura no Brasil nos próximos anos, mas os juros altos reduzem o apetite de fundos de pensão atrelados a esses projetos e aumenta a atratividade dos títulos públicos do Tesouro Nacional, disse o superintendente da Previc, órgão que fiscaliza os fundos de pensão, Lucio Capelletto. “Com as taxas de juros retrocedendo, os investimentos voltam para o radar das entidades, a diversificação é sempre bem-vinda”, disse, ao participar do seminário “Como ampliar a participação dos Fundos de Pensão no financiamento de Infraestrutura”, da Fundação Getulio Vargas.

De acordo com a resolução 4.661, que estabelece as regras de investimentos para fundos de pensão, as fundações podem investir até 80% dos recursos em debêntures de empresas de capital aberto, e 20% nas companhias fechadas. Os valores nas carteiras dos planos é muito aquém disso – chega a R$ 34 bilhões, segundo o superintendente. O patrimônio dos fundos de pensão como um todo é de pouco mais de R$ 1 trilhão.

Se os planos de benefício definido já estão maduros, há espaço para aplicações nos planos de contribuição definida e variável, que têm uma duração, em média, de 11 anos. “Não faz sentido comprar um título de 20 anos para um plano que tenha uma duração de 10 anos, mas olhando esse horizonte de 11 anos ainda é um prazo bastante grande.” Outro ponto é que as debêntures de infraestrutura têm isenção de imposto de renda para pessoas físicas, benefício que não alcança investidores profissionais.

O presidente do conselho de administração do IRB, Antonio Cassio, defendeu que as companhias de vida, entidades de previdência abertas e fechadas que, com certa garantia, pudessem dedicar parte de seus ativos em papéis ou em fundos (de infraestrutura) em uma espécie de “investoduto”. Considerando que globalmente os investidores profissionais investem de 2% a 5% no segmento, no Brasil, de forma analógica, o valor aplicado poderia ficar entre R$ 150 bilhões a R$ 170 bilhões, calcula.

Com reportagem do Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico