6 lições de Benjamin Graham, o pai dos investimentos, para ter sucesso na Bolsa

Guru de Warren Buffett explica como se tornar um investidor inteligente

O economista britânico-americano Benjamin Graham morreu há quase 50 anos e continua sendo considerado o maior investidor em ações de todos os tempos, criador de uma filosofia seguida por gigantes como Warren Buffett – que o considera seu mentor – e Luiz Barsi. Após se formar na Universidade Columbia, em Nova York, criou uma gestora de investimentos em Wall Street, foi patrão de Buffett, e professor universitário.

Escreveu dois livros considerados clássicos absolutos para quem quer aprender a multiplicar seu dinheiro: “Análise de investimentos”, de 1934, com David Dodd, e “O investidor inteligente”, de 1949. As obras vêm sendo atualizadas ao longo das décadas com comentários, notas técnicas de especialistas e exemplos contemporâneos, mas a maioria dos princípios estabelecidos por Graham seguem totalmente válidos. É visonário que chama?

O cerne do seu pensamento é… o bom senso.

O investidor inteligente, para Graham, não é um ser com QI elevadíssimo ou com um dom especial para prever quando a Bolsa de Valores vai subir ou cair. É alguém paciente, disciplinado, que gosta de estudar e consegue administrar suas emoções para atravessar os momentos de euforia ou desespero do mercado sem se deixar contagiar. Porque, em sua visão, o risco dos investimentos não está no mercado de ações – está no investidor.

Quando consegue adotar esse comportamento ponderado, o investidor está pronto para estimar o valor real de uma empresa, independentemente do preço que o mercado está colocando em seus papéis naquele momento. Assim, é possível construir uma carteira vencedora de longo prazo.

Essa é a teoria do investimento em valor (que é o contrário de especulação). Graham também explicou e criou uma fórmula matemática para fazer a avaliação das companhias, que hoje é chamada de análise fundamentalista ou valuation.

Confira seis conselhos de pai para filho que Graham deixou e são especialmente úteis para quem quer começar a investir na Bolsa de Valores:

  1. Reflita sobre seu momento de vida e objetivos para definir quanto risco pode/quer correr
    Você é solteiro ou casado? Qual é a idade dos seus filhos? Vai comprar um imóvel? De acordo com as respostas, decida qual parcela do dinheiro que tem guardado vai investir em ações. Para Graham, o mínimo é 25%, e o máximo, 75%. Faça revisões periódicas de suas circunstâncias e perspectivas para ajustar as porcentagens.
  2. Decida se quer ser um investidor defensivo ou empreendedor
    As definições tradicionais dos perfis de investidor se baseiam no risco que cada um está disposto a correr: o conservador quer o mínimo, o arrojado tolera o máximo. Graham estabelece conceitos diferentes, porém, e é preciso entender qual é o seu perfil antes de comprar qualquer ativo. O economista chama de defensivo o investidor que não tem muito tempo e energia para dedicar à sua carteira de ações – talvez um profissional que trabalha em tempo integral em uma empresa de outro setor – , e de empreendor aquele que vai se aprofundar. Se não tem tempo e energia para dedicar à sua carteira de ações com profundidade, delegue Dá para “comprar” o conhecimento e a experiência dos profissionais do setor aplicando em fundos de investimento.
  3. Analise a empresa e a saúde de seu negócio antes de comprar sua ação
    Existem várias maneiras de ficar sabendo de uma ação promissora. Às vezes, o investidor se interessa pelo fabricante de um produto que usa e adora; às vezes, ouve dicas do primo do amigo da ex-mulher. Esses são apenas o começo da jornada. É essencial saber mais detalhes a respeito da companhia antes de se tornar sócio dela.
  4. Não confunda investimento com especulação
    Especulação é tentar se antecipar às oscilações do mercado e se antecipar a elas, enquanto o principal interesse do investidor é comprar e manter papéis apropriados a preços apropriados. O investidor não deve se assustar quando uma oscilação de mercado diminuir o valor da sua carteira nem se entusiasmar quando aumentar. Lembre-se do adágio persa: tudo passa. Investir é mais inteligente quanto mais se parece com um negócio.
  5. Entenda que valor e preço de uma ação são coisas diferentes
    Graham costuma dizer que o Senhor Mercado é bipolar e nem sempre cota as ações como um avaliador privado veria o negócio. Em vez disso, quando as ações estão subindo, ele aceita pagar um preço maior do que o que valem, e, quando elas estão caindo, fica desesperado para se livrar delas por menos que seu valor verdadeiro. Enquanto o Senhor Mercado coloca preços nas ações, o investidor inteligente é quem decide se é vantajoso investir nelas àqueles preços.
  6. Não perca
    Perder um pouco do dinheiro investido faz parte do jogo, mas o investidor inteligente cuida para não perder demais e menos ainda todo o seu dinheiro. É por isso que Graham sempre invoca o bom senso ao investir e sugere que se tenha sempre uma margem de segurança ao negociar na Bolsa, o que significa se proteger para o caso de suas análises a respeito dos ativos estarem erradas. Por exemplo, estabelecendo preços máximos para os papéis e evitando pagar caro demais por uma ação num momento de euforia do mercado.

Em seus livros, Graham dá detalhes técnicos sobre a negociação de ações, como os aspectos a analisar na hora de avaliar uma empresa – tanto para o investidor defensivo quanto para o empreendedor. Mas toda a técnica fica em segundo plano quando o investidor adota a postura certa para navegar no mercado.

Fontes: “O investidor inteligente” e “Análise de investimentos”, de Benjamin Graham