Inflação bate recorde: quais são os melhores investimentos?

Com a alta do IPCA, o destaque vai para a renda fixa
Pontos-chave:
  • Analise a rentabilidade real que o ativo possa oferecer
  • Tesouro Direto atrelado ao IPCA é uma boa opção para proteger o patrimônio

O IBGE divulgou o IPCA relativo a março: a inflação avançou de 1,01% em fevereiro e foi de 1,62% no mês passado, sendo o maior índice para março desde 1994. O mercado foi pego de surpresa, já que a expectativa era de que a inflação ficasse em 1,28% na comparação mensal. E o que você, investidor e investidora, tem a ver com isso? Muita coisa. Se por uma lado, todos perdemos poder de compra, por outro o índice mais alto deve fazer o mercado projetar juros maiores para os próximos meses. Neste contexto, a renda fixa é beneficiada. Antes de tomar a decisão sobre alocação de dinheiro, no entanto, é importante fazer a análise da rentabilidade real. “Ela nada mais é do que o dinheiro que rende depois de descontar as taxas, impostos e a inflação. Com a inflação medida pelo índice, você tem que analisar o investimento pela rentabilidade real”, ressalta Valéria Vieira, head de renda variável da RB Investimentos.

Onde investir com a inflação alta?

Com a alta do IPCA, a renda fixa se destaca. “O Tesouro Direto atrelado ao IPCA permite que o investidor se proteja contra a inflação. O único ponto de atenção é que eles são de longo prazo. Existe um risco de o investidor precisar resgatar antes, por conta das oscilações e marcação a mercado. Os CDBs também podem trazer uma boa rentabilidade neste cenário”, ressalta Valéria. 

Quando se trata de renda fixa, o importante é ficar de olho nos prazos, na instituição envolvida e nas taxas, que podem “comer” uma parte da rentabilidade. “É importante prestar atenção nesses detalhes e fazer os cálculos. Muitas vezes só a taxa para fazer uma transferência para investir já compromete o retorno que você teria”, explica a especialista. 

Outra dica é evitar os títulos prefixados, que acabam perdendo atratividade em um cenário de alta da inflação. “A tendência agora é que a taxa de juros também suba. Se você investe em um título prefixado acaba perdendo rentabilidade”, ressalta Valéria.

Como fica a renda variável?

Com o movimento de alta da inflação, as ações na Bolsa de Valores podem se desvalorizar. “Empresas de setores que não conseguem repassar tão fácil e rápido o aumento dos preços podem ter custos maiores. Além disso, como a inflação interfere no poder de compra, as pessoas começam a consumir menos e ser mais seletivas Companhias de bens ou serviços não essenciais podem ter piora no desempenho também”, explica Valéria.

Pensar na renda variável em um cenário de inflação é mais complexo. “O aumento dos preços em si acaba não sendo favorável para uma parcela grande das empresas. As companhias ligadas à commodities podem se beneficiar em algum momento, mas de maneira geral são poucas que ganham com uma inflação alta como temos hoje”, ressalta Samuel Cunha, economista e sócio da H3.

O momento é de cautela

Mesmo assim, vale ficar de olho em setores como consumo e energia, que podem ter um bom desempenho nesse cenário. Mas, isso não é uma regra. E se tratando de renda variável, o importante é manter cautela e reservar uma parte menor do patrimônio, assumindo os riscos.