Fundos com mais risco devem voltar a crescer; entenda a diferença entre os ativos

Fim do aumento de juros devolverá os multimercados ao foco dos investidores
Pontos-chave:
  • Fique atento à volatilidade e ao prazo de resgate dos investimentos
  • Um bom gestor consegue ganhar dinheiro até em períodos de crise

Os fundos multimercados e de ações estão encarando uma fuga de dinheiro, com os investidores em direção aos fundos de renda fixa diante da Selic em alta e da Bolsa em baixa. Porém, essa movimentação começou a diminuir a velocidade. “E, quando o ciclo de aumento da taxa básica de juros acabar, a tendência é que os investidores retornem aos fundos multimercados e de ações”, afirmou Pedro Rudge, vice-presidente da Anbima.

“O final do ciclo de alta da Selic mudará o movimento, que já tem diminuído de velocidade. Nada dura para sempre e a tendência é a normalidade voltar”, disse.

E Rudge ainda acrescentou que “com a inflação arrefecendo, vamos poder ver o Banco Central dando alguma sinalização de que os juros chegaram ao nível adequado e que poderá começar a reduzi-los nos próximos meses ou anos. Hoje, ainda existe uma incerteza grande e isso faz com que os investidores fiquem mais avessos ao risco.”

Os fundos multimercados e de ações lideraram as captações líquidas negativas, respectivamente, no primeiro semestre de 2022. Os fundos multimercados acumularam resgates líquidos de R$ 61,8 bilhões, e os de ações, de R$ 49,5 bilhões. Já os fundos de renda fixa apresentaram aportes líquidos de R$ 88,8 bilhões.

O que são fundos multimercados?

Nos fundos multimercados, o gestor mistura vários tipos de investimentos, como ações, títulos de renda fixa e moedas. Como as proporções dessa mistura variam, também varia o risco de cada fundo. Assim, o multimercado atende a todos os tipos de investidores, desde os conservadores aos mais arrojados.

O que são os fundos de ações?

Administrados por um gestor profissional, os fundos de ações nada mais são do que aqueles que reúnem em um mesmo grupo investidores, também conhecidos como cotistas, que buscam injetar valores em ações negociadas na Bolsa. E por ter o respaldo de uma gestora de investimentos que o fundo de ações é bastante indicado para quem deseja ter capital em renda variável, mas não conhece muito a respeito dos ativos, ou simplesmente não tem tempo. Vale lembrar, claro, que o fundo de ações precisa ter, pelo menos, 67% do seu capital investido em ações da Bolsa de Valores

E o que são os fundos de renda fixa?

Já a renda fixa é uma classe de ativos que tem regras para remunerar seus investidores. Essas regras são determinadas logo que você aplica, e determinam o prazo e a forma que a remuneração vai ser paga. Ou seja, você consegue pelo menos fazer uma estimativa do retorno que ele vai obter, entendendo o índice de referência no momento da aplicação, o chamado benchmark.

Tesouro DiretoCDBs  e LCIs são alguns exemplos de investimentos em renda fixa.

A renda fixa é a categoria de investimento mais popular no Brasil. A caderneta de poupança, principalmente, ainda tem muito destaque. De acordo com a Anbima, um a cada três investidores tem dinheiro na caderneta.

Qual a diferença entre fundos multimercados, de ações e de renda fixa?

A principal distinção está na porcentagem do patrimônio investido. Isso porque, nos fundos de renda fixa são necessários 80% do patrimônio investido na própria renda fixa. Já os fundos de ações devem ter 67% dos seus investimentos alocados em renda variável. O que não ocorre nos fundos multimercados, afinal de contas, esses ativos não precisam seguir regras específicas de composição de carteira. As estratégias de alocação do fundo multimercado dependem apenas da opção escolhida pelo gestor, e é devidamente estabelecida no regulamento de cada fundo.

Uma vez que não há estratégias de composição estabelecidas para o portfólio do fundo, é possível encontrar fundos multimercados com estratégias muitas vezes tão conservadoras quanto os fundos de renda fixa, e fundos com estratégias mais arrojadas, às vezes até mais arriscadas que os fundos de ações.

Como escolher a melhor opção em fundos?

O primeiro passo é prestar atenção à volatilidade esperada e ao prazo de resgate. Além disso, é essencial conhecer a reputação do gestor, já que é ele quem irá definir, de acordo com o cenário econômico do momento, a estratégia de aplicação dos recursos dos investidores (também chamados de cotistas, já que são donos de partes, ou cotas, do fundo).

Um bom gestor consegue ganhar dinheiro até mesmo em períodos de baixa no mercado e em crises, por exemplo. É importante que você saiba que a flexibilidade inerente ao fundo multimercado, por exemplo, permite com que o gestor mude rapidamente de aplicação, caso perceba que a estratégia inicial não está funcionando. A remuneração do gestor vem de uma taxa de administração cobrada de cada cotista.

Entenda o que é o benchmark

Em muitos casos, é cobrada ainda uma taxa de performance, que é um bônus para o gestor quando a rentabilidade do fundo supera a do seu índice de referência, o chamado benchmark. Decidido desde a formação do fundo, o benchmark pode ser a taxa DI, que corresponde aos juros do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), ou o Ibovespa.