Fiagros renderam mais de 17% em 6 meses: é hora de investir?

Entenda o que mexe com a rentabilidade do ativo
Pontos-chave:
  • A decisão de investir ou não depende da perspectiva e da disposição de assumir riscos

Os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais, ou Fiagro, tiveram um bom desempenho no último semestre.

Listados e negociados há pouco mais de um ano na B3, os dois primeiros colocados, segundo um levantamento feito pela Economática, renderam mais de 17% entre 22 de fevereiro e 22 de agosto deste ano.

O Fiagro com melhor desempenho nos últimos 6 meses foi o VGIA11, da BTG Pactual, com rentabilidade de 17,97% no período.

Em segundo lugar ficou o FGAA11, da BRL Trust Investimentos, com 17,54% de retorno.

Ainda aparecem no ranking o EGAFF11, com 14,84%, e o XPCA11, com 12,92%. Mas, afinal, o que explica essa valorização? 

O que é Fiagro?

“O Fiagro investe principalmente em CRAs (Certificado do agronegócio) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio). Como esse tipo de ativo investe em commodities do agronegócio, um setor que possui uma relação altamente positiva com a inflação, quando um aumenta, o outro tende a aumentar. Investimentos neste setor são interpretados como uma boa opção para blindagem de patrimônio, principalmente em períodos de pandemia e guerra europeia, onde a inflação mundial subiu muito”, ressalta Matheus Eid, economista da Vallus Capital. 

Essa é a hora de investir nos Fiagro?

Apesar dos bons resultados, esse cenário pode não perdurar, principalmente com o arrefecimento da inflação.

“O agro tem sua valorização baseado firmemente na inflação. É importante ressaltar que nos últimos dois meses a inflação foi negativa no país, muito centralizada nos combustíveis”, explica Matheus.

Por outro lado, segundo o especialista, outro fator determinante neste setor é o dólar.

“As commodities são negociadas em dólar. Assim, um novo aumento pode beneficiar o setor”, ressalta. 

Por que investir – ou não – em Fiagro?

Por isso, explica Matheus, a decisão de investir ou não nesse tipo de fundo depende da perspectiva do investidor e sua disposição de assumir riscos.

“É importante analisar essas condições e como os fundos poderão reagir a essa nova fase da pandemia e guerra europeia”, ressalta. O ideal, na visão do economista, é que essa decisão seja tomada junto a um especialista em investimento.

Analise os riscos

O retorno expressivo pode ser tentador, mas é fundamental analisar os riscos.

Um deles é o risco de crédito, ou seja, o risco da inadimplência dos devedores.

“Um alto número de default pode ser derradeiro ao fundo, principalmente aqueles que possuem uma concentração de direitos creditórios e títulos de dívidas”, explica Matheus.

O risco de mercado

Outro risco é o de mercado.

“Fundos que têm uma alta concentração em sua carteira de títulos prefixados sem indexadores de correção, podem se prejudicar caso haja uma inflação muito alta, principalmente no agro onde os prazos normalmente passam de 120 dias”, alerta o economista.