O que é melhor: investir em renda fixa via fundos ou comprando ativos por conta própria?

Veja a melhor alternativa para seu bolso - e para a sua paciência
Pontos-chave:
  • Investindo via fundos, você pode ganhar mais comodidade e liquidez
  • Na compra direta, autonomia e taxas menores são algumas das vantagens
  • Mesclar as duas modalidades também é válido, segundo especialistas

Os fundos de renda fixa são os líderes de captação na comparação com os fundos de ações e multimercados. Segundo a Anbima, essas carteiras atraíram R$ 109,2 bilhões no primeiro trimestre, enquanto as outras duas categorias captaram, juntas R$ 72,9 bilhões. Mais do que mostrar a força dos fundos de renda fixa, o dado mostra ao investidor como o mercado está procurando ativos de segurança em um contexto de turbulência. Ao saber da notícia, você pode se perguntar: “é mais vantajoso investir em renda fixa via fundos ou comprando os ativos diretamente, por minha conta?”. Conversamos com especialistas e trazemos aqui alguns argumentos que podem te ajudar a decidir o que faz sentido para sua carteira. Vamos a eles:

Argumentos para investir via fundos

Comodidade

Um dos principais pontos positivos para se investir via fundos é o conforto de terceirizar a gestão do investimento. O investidor que não é acostumado a negociar títulos como CDBs e LCAs não precisa ter o trabalho de procurar os melhores ativos para compor a carteira. 

É importante que quem confia seu dinheiro a um gestor pesquise sobre o tipo de administração do fundo. Alguns são referenciados, o que significa que precisam investir 95% do patrimônio em títulos atrelados a indexadores como Selic e DI. Estes têm uma gestão mais passiva, então as taxas de performance costumam ser menores.

Há ainda os fundos não referenciados, aqueles em que os gestores têm mais liberdade para fazer os aportes. Nesses casos, as taxas tendem a ser um pouco mais altas. Além da comodidade, contar com profissionais certificados e que acompanham o mercado o tempo inteiro pode ser uma boa. “Quem investe por conta própria geralmente entra atrasado nas mudanças de posição e perde oportunidades”, diz Henrique Castro, professor de finanças da FGV EESP (Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas). 

Liquidez

Outra vantagem dos fundos de investimento em renda fixa é a liquidez que eles trazem. É comum que investidores tenham objetivos de curto prazo e façam investimentos de até 6 meses de duração, o que é pouco, considerando que a tendência é que a rentabilidade aumente enquanto o tempo passa. 

Para quem tem essa necessidade de sair rapidamente de um papel, estar em fundo que tem liquidez diária é uma boa. “Existem fundos com esse perfil (de liquidez diária) que não penalizam muito a rentabilidade. É bom para quem quer monta uma reserva de emergência ou tem objetivos de curto prazo”. 

Vantagens do investimento direto 

Maior autonomia

A comodidade, vista como vantagem para investir via fundos, pode não valer a pena para algumas pessoas. Há quem prefira ter autonomia dos ativos onde investe e controlar sozinho o portfólio de renda fixa. Felipe Lima, gestor na FL Asset, explica que, geralmente, quem investe diretamente nos títulos é quem tem um pouco mais de capital para aplicar. “É quem tem um nível mais alto de conhecimento e precisa de uma estratégia personalizada”, afirma. 

Taxas menores

Investir em títulos como Tesouro Direto rende a obrigação do pagamento de taxas, mas elas são bem menores na comparação com as taxas de administração e as de performance. Portanto, é um argumento usado por quem prefere investir diretamente nos ativos de renda fixa. 

Vale mesclar?

No fim das contas, não há regra ou lei alguma que impeça alguém de investir em renda fixa via fundos ou comprando os títulos, diretamente. É possível alocar uma parte do patrimônio em cada modalidade. Tudo vai depender dos seus objetivos e nível de conhecimento sobre os ativos disponíveis no mercado. 

“Faz sentido mesclar (investir direta e indiretamente), mesmo quem conhece um pouco mais sobre o mercado pode precisar de liquidez”, pondera Castro. E para quem investe apenas via fundos, pode fazer sentido fazer uma aplicação direta se enxergar alguma oportunidade. “O investidor pode fazer uma alocação direta para ‘dar um tiro’, surfar uma onda e realizar o lucro”, diz Lima.