Conheça os multimercados que mais deram lucro aos investidores em 2021

Os 10 fundos vencedores renderam 28,3%, contra 4,4% do CDI
Pontos-chave:
  • Os multimercados dão ao gestor flexibilidade para investir em diversos tipos de ativos
  • Apenas um terço deste tipo de fundo atingiu rentabilidade acima do CDI

Os fundos multimercados são conhecidos por darem ao gestor a flexibilidade de investir em diversas classes de ativos, como ações, juros, moedas e, em alguns casos, commodities e criptoativos. Como muitos usam essas ferramentas não apenas para ganhar dinheiro, mas para se proteger de oscilações, os retornos não costumam ser grandes, até porque sua principal referência é o CDI.

Levantamento feito pelo economista Marcelo d’Agosto com base em dados da plataforma Morningstar mostra que os 10 fundos multimercados mais rentáveis de 2021 renderam, em média, 28,3% contra 4,4% do CDI. O primeiro colocado, o ESH Theta FIM, da gestora ESH Capital registrou retorno de 104,2% no ano passado. Ao desconsiderá-lo, os outros nove fundos ganharam 19,8% em média em 2021.

Nem tudo são flores

Mas não pense que todos os multimercados forem bem no ano passado. “O grande destaque de 2021 é que apenas um terço dos fundos multimercados conseguiram uma rentabilidade acima do CDI. Praticamente todos tiveram pelo menos um mês de rentabilidade negativa e houve uma mudança radical do primeiro para o segundo semestre. No primeiro semestre a rentabilidade média dos fundos foi positiva e no segundo, negativa”, comenta d’Agosto.

A versão do campeão

O que fez do ESH um caso de sucesso? O fundo apostou em “situações especiais”, como os gestores explicam em relatório. Entre as situações especiais que a gestora se envolveu em 2021 está a incorporação da empresa de fidelidade Smiles pela Gol (GOLL4) nos primeiros meses do ano. Com o escritório de advocacia parceiro, Carpena Advogados, cujos sócios são acionistas do fundo, gestor e sócio-fundador da ESH Capital, Vladimir Timerman e sua equipe participaram das discussões sobre o preço de conversão das ações para os minoritários.

Em março, a Gol aprovou novo acordo: pagamento de R$ 27 por ação da Smiles (SMLS3 – a oferta inicial da companhia aérea estava em R$ 22,32). O fundo da ESH detinha 5% das ações da empresa de fidelidade. A valorização do papel chegou a mais de 30%.

Outros eventos corporativos que a gestora participou e ajudaram foram: a arbitragem entre papéis preferenciais e ordinários da telecom Oi (OIBR3), enquanto a empresa estava na iminência de sair da recuperação judicial. A asset também ganhou dinheiro quando a rede de farmácias Panvel (PNVL3) reviu a proposta de conversão de ações para migração para o Novo Mercado da B3 (o fundo foi atrás da Comissão de Valores Mobiliários para questionar); e na venda das ações da Bradespar (BRAP4), que detém apenas ações da mineradora Vale (VALE3), quando ela conseguiu resolver seus litígios com a Litel Participações (LTEL11B).

Por que isso é importante para você saber?

Você já deve conhecer o ditado do mercado financeiro que diz que lucro passado não garante a rentabilidade futura. Aliás, nada é garantido quando o assunto é investimentos. Mas um levantamento como esse mostra como pensam os gestores, onde eles estão acertando, para onde estão direcionando suas estratégias e quais devem ser os próximos passos. A você, investidor e investidora, cabe ler atentamente as informações e analisar os resultados obtidos e decidir se deve ou não aplicar seu dinheiro com o gestor.

Com reportagem do Valor Investe