Opções: você conhece esse mercado?

Aviso: sem uma boa estratégia, este é um instrumento perigoso
Pontos-chave:
  • Com as opções, investidores negociam o direito de comprar ou vender uma ação por um preço fixo
  • É um mercado acessível: você pode encontrar opções por R$ 1

Nem só de valorização uma carteira vencedora é feita. É possível lucrar quando uma ação está caindo ou até andando de lado. Um tipo de derivativo permite com que os investidores montem posições defensivas ou apostem alto para surfar a onda de valorização de um ativo. Estamos falando do investimento em opções, que, aliás, tem vencimento previsto para hoje (19).  

“Calma, não é um bicho de sete cabeças”, tranquiliza Rafael Panonko, estrategista-chefe da Toro Investimentos. Com um pouco de tempo, você pode conhecer um novo instrumento e diversificar seu portfólio. “Há vários tipos de estruturas que você pode montar. O mercado de opções permite se posicionar diante do cenário que você vê pela frente, com proteções contra quedas ou maior rentabilidade num mercado em alta”, explica Panonko. 

Opção de compra

Para entender como funcionam as opções, vamos pensar em uma casa que vale R$ 500 mil, mas, por estar numa região onde será inaugurada uma estação do metrô, você acha que ela vai se valorizar. Então, você procura o dono do imóvel e dá a ele R$ 50 mil para ter o direito de comprar a casa por R$ 750 mil em dois anos. Chegado o prazo estabelecido, você vai optar por comprar, ou não, aquela casa. 

Se após os dois anos ela valer R$ 1 milhão, comprar por R$ 750 é uma boa. E como você comprou esse direito do dono, ele será obrigado a vender por esse valor. Nesse caso, a negociação foi de uma opção de compra, chamada em inglês de call. Você compra essa opção quando acha que um ativo vai se valorizar.

Opção de venda

Há também opções de venda (put). Você compra uma delas quando, por algum motivo, acha que um ativo vai perder valor. Voltando ao exemplo do imóvel: você comprou a casa de R$ 500 mil, mas acha que, em dois anos, ela vai valer R$ 300 mil. Nesse caso, você encontra alguém que aposta na valorização dela e paga a essa pessoa R$ 30 mil para que, se você quiser, ela seja obrigada a comprar a casa por R$ 500 mil ao fim do contrato. 

Se a casa realmente se desvalorizar nesse período, o titular da opção a exerce e o lançador (quem vende a opção) é obrigado a comprar pelo preço combinado. Se a casa não se desvalorizar, quem pagou os R$ 30 mil para ter a opção de venda simplesmente não a exerce, a opção vira pó e o lançador fica com o dinheiro.

Prazos

Uma opção, seja de compra ou venda, só pode ser exercida em uma data específica. O vencimento de opções sobre ações acontece a cada terceira sexta-feira do mês. É por isso que a expressão “dia de vencimento de opções” é comum no noticiário econômico.

No site da B3 há um calendário com todas datas de vencimento de opções do ano. Esses dias trazem consigo um volume de negociações acima da média com investidores exercendo seus direitos. É também um dia de mais volatilidade na Bolsa de Valores. 

Como entrar no mercado de opções

Este não é um daqueles investimentos abertos apenas para o investidor qualificado, que tem R$ 1 milhão aplicado. Qualquer um pode investir em opções, que são baratas – há títulos que chegam a custar até R$ 1. A maioria das corretoras de investimentos tem profissionais que ajudam o investidor a adquirir uma opção de compra ou venda. A assessoria é indicada para quem nunca usou esse instrumento. 

Para Rafael Panonko, não é preciso ser um especialista em mercado de capitais para investir em opções. “Se você já conhece como o mercado acionário funciona, sabe como comprar e vender, sabe o que são dividendos e até tem familiaridade com gráficos, já pode começar a explorar esse mercado”, diz. 

O analista-chefe da Toro Investimentos recomenda ainda que o investidor busque conteúdos sobre o mercado de opções antes de começar a investir. Ao começar, a dica é usar a assessoria, mesmo que seja preciso pagar uma taxa. Por último, Panonko recomenda que os iniciantes façam operações para se proteger, sem pensar, num primeiro momento, em alavancar seu patrimônio. “Se o Ibovespa está caindo 13% no ano e montei uma carteira de opções que cai 1%, já estou no lucro”, explica Panonko. 

Estratégia é tudo 

As opções podem ser uma boa para quem queira diminuir a volatilidade da carteira, se proteger em momentos de crise e até alavancar os ganhos em momentos de alta. Porém, tudo isso depende de como o investidor usa esse instrumento.

Vamos pegar um exemplo. As ações da Vale, as mais pesadas do Ibovespa, caem cerca de 31% no ano até agora. Com opções de venda, os investidores da empresa conseguiriam se proteger dessa queda. É como o seguro de carro: o lançador tem a obrigação de comprar por um preço, mesmo que o ativo sofra desvalorização. Uma das estratégias é usar as opções para colocar travas de baixa e evitar grandes perdas com um ativo

Do lado das opções de compra, é preciso ter uma boa leitura do momento do mercado para não comprar opções que vão virar pó e beneficiar o vendedor. É importante lembrar que se você está adquirindo uma opção de compra, tem, do outro lado, uma pessoa que não acredita na valorização do ativo. No dia do vencimento da opção, apenas um ficará contente com a operação.