Madonna lança obra em NFT; você sabe o que são os tokens não-fungíveis?

Cantora pretende doar o lucro para instituições de caridade
Pontos-chave:
  • Coleção levou um ano para ser desenvolvida
  • NFT é um certificado de propriedade que não pode ser substituído nem compartilhado

Depois de Neymar, Justin Bieber e outros artistas, foi a vez da cantora Madonna, conhecida como a Rainha do Pop, entrar para o mundo de blockchain: ela anunciou nesta semana sua primeira coleção de NFTs, feita em parceria com o artista Beeple. A obra levou um ano para ser desenvolvida. A coleção tem três obras únicas, batizadas de “Mãe da Natureza”, “Mãe da Evolução” e “Mãe da Tecnologia”, a um preço mínimo de US$ 49 mil (ou algo como R$ 245 mil).

Recriação da cantora Madonna na série “Mother of Creation” (Mãe da Criação), do artista Beeple. – Foto: Reprodução

Madonna manteve-se coerente com sua veia artística, que sempre foi considerada polêmica. As obras mostram cenas de partos que mostram o nascimento de borboletas, plantas e e centopeias robóticas. “Criamos algo que esteja absoluta e totalmente conectado à ideia de criação e maternidade,” disse a cantora.

O lucro da venda dos NFTs de Madonna vão para três instituições de caridade: The Voices of Children Foundation, The City of Joy e Black Mama’s Bail Out, todas de ajuda a crianças ucranianas, mulheres sobreviventes da violência na República Democrática do Congo e mulheres negras encarceradas. A plataforma de criptomoedas Moonpay vai doar US$ 100 mil para cada uma das entidades.

E você? Você investiria em NFTs?

Bem, antes de dar uma resposta, vamos voltar alguns passos. Você sabe o que é uma NFT?

O que são NFTs

Fotos, vídeos, obras de arte e até memes podem ser vendidos por milhares de dólares com essa nova tecnologia, o NFT. E, se você já ouvir falar, mas acha que esta é uma moda passageira, fica o alerta: você pode estar deixando passar grandes oportunidades. 

Como funcionam os NFTs?

Vamos começar do começo: NFT é a sigla em inglês para token não-fungível. É um certificado de propriedade que não pode ser substiuído ou compartilhado. Então, quando uma pessoa compra o NFT de uma casa virtual no metaverso não significa que ela será a única a ter o direito de usá-la ou algo parecido com direito autoral, mas que a versão original é dela. 

Qualquer pessoa pode criar um NFT, basta ter uma conta em uma corretora de criptoativos, comprar uma moeda (a mais usada para esse fim é o etherium), transferi-la para um app de carteira digital e conectar esse app a uma plataforma de compra e venda de NFTs. Com carteira digital, conta e site de NFT conectados, o usuário faz o upload do que quer transformar em NFT e o transforma em um token único certificado via blockchain

Como investir em NFT? 

Não existe uma cotação de NFTs, como no mercado de ativos negociados na Bolsa de Valores. Comprar um NFT é como comprar uma obra de arte: você compra e espera que o ativo se valorize. Para isso, é preciso entender do mercado do qual o ativo faz parte, já que muitas coisas podem ser transformadas em NFT, até mesmo ativos físicos. 

Para Fabrício Tota, diretor de Novos Negócios do Mercado Bitcoin, porém, é mais indicado que investidores iniciantes apostem em empresas que fazem parte do ecossistema de NFTs. Ele indica o investimento na Solana, uma plataforma pública de blockchain. O especialista diz que devem surgir cada vez mais novos usos para o NFT, com empresas e criadores de conteúdo migrando para a tecnologia e criando experiências únicas atreladas a esses ativos. Por isso, é um investimento que pode ser interessante. 

É tão interessante que o próprio Mercado Bitcoin está investindo pesado em NFTs. Em janeiro a plataforma vai lançar um marketplace de NFTs. “Este é um mercado gigantesco e uma das grandes apostas do Mercado Bitcoin para 2022 é na infraestrutura para tecnologia NFT”, diz Tota. 

Whitelists: que bicho é esse?

Quem quer comprar um NFT precisa saber o que são as whitelists, ou listas brancas, em tradução livre para o português. Em algum momento antes do lançamento os desenvolvedores abrem-se essas listas e que permitem que apenas clientes selecionados participem dos leilões. Além da disputa no leilão, há competição para entrar na lista. 

Essas listas existem para recompensar os primeiros apoiadores do projeto que será vendido como NFT. São muito usadas em games, como um prêmio aos primeiros jogadores e quem mais divulga o projeto. 

Os desenvolvedores geralmente não deixam investidores muito ricos (apelidados de baleias) ou traders entrarem nessas listas para que eles não manipulem o resultado do leilão e definam o sucesso ou fracasso do certame apenas por terem muito dinheiro. Aqui, conta a experiência e envolvimento com o ativo leiloado. 

Um estudo da plataforma especializada em blockchain Chainalysis mostrou que usuários que participam de whitelists e depois vendem seu NFT recém-criado têm, em média, um lucro de 75,7% contra apenas 20,8% de ganho de usuários que ficam de fora dessas listas.

Colaborou Leonardo Guimarães