Como fica a renda fixa se os juros começarem a cair?

Banco Central informou que, para conter a inflação, precisará manter os juros altos por mais tempo, mas vem dando pistas de que o ciclo da alta pode acabar em breve. O que esperar da Renda Fixa?
Pontos-chave:
  • Títulos prefixados voltam a ter relevância
  • A melhor estratégia continua sendo a diversificação

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) aumentou a taxa básica de juros no Brasil em 0,5 ponto percentual, avançando a Selic para 13,25% ao ano. Na ata divulgada nesta terça-feira (21), o BC informou que prevê uma desaceleração da atividade econômica mais acentuada e acrescentou que, para conter a inflação, que ainda está elevada, precisará subir mais os juros e mantê-los altos por um período maior de tempo.

A autoridade também afirmou que “antevê” um novo aumento na taxa Selic em sua próxima reunião, em agosto, igual ou menor à anterior. Ou seja, os juros devem subir 0,5 ponto percentual novamente ou menos. Em paralelo, o BC tem dado pistas de que o ciclo da alta de juros pode acabar em breve. E aí, surge a dúvida: como fica a renda fixa

Mais importante do que o término do ciclo em si, é quando os juros voltarão a cair. É difícil saber ao certo, mas a expectativa de especialistas é que a Selic comece a sua descida no ano que vem. Até lá, o rendimento dos títulos de renda fixa deve continuar atrativo. 

Onde investir hoje?

Com o possível fim do ciclo de alta da Selic, os títulos prefixados começam a chamar atenção. “Sempre que pensamos em uma queda da taxa básica, os investimentos que tem uma taxa já fixada parecem ser mais atrativos. Tanto Tesouro Direto quanto CDBs são oportunidades de corrigir o dinheiro pela inflação”, ressalta Leandro Sobrinho, sócio da Raise Investor e especialista em empreendedorismo.

Como o próprio nome diz, as taxas são pré-contratadas e definidas no momento da aplicação, não mudando até o dia do resgate, independentemente do que acontecer no mercado. “Em um momento como esse, vale a pena olhar para um título prefixado, que trava seus rendimentos para o período até o vencimento”, ressalta Victor Vietti, especialista líder em investimentos do Itaú Unibanco.

Segundo ele, o cenário base no momento é de que o Copom faça mais uma alta de juros de 0,5 ponto percentual na próxima reunião, chegando a uma Selic de 13,75%, estabilizando a taxa e iniciando uma redução a partir do ano que vem. “Um título como esse pode ser interessante porque fixa o rendimento independentemente do que aconteça com a Selic. Se ela voltar a patamares de um dígito, ainda assim você garante o seu rendimento de quase 1% ao mês”, explica Victor.

Diversifique sempre

Mesmo com a expectativa de fim da alta da Selic e sinais mais fortes de que isso deve acontecer, o mercado é instável e tudo pode mudar. Por isso, apostar tudo nos títulos prefixados pode ser arriscado. “Como não conseguimos prever exatamente o que vai acontecer, a melhor estratégia é diversificar e alocar um pouco em cada categoria, fazendo um mix de produtos”, ressalta Sobrinho.