O que explica o aumento da procura por CDBs, as estrelas do momento

Relatório mostra que 6,8 milhões de pessoas investem em CDBs, entenda por quê
Pontos-chave:
  • 70,8% dos investidores de renda fixa têm pelo menos um CDB em carteira
  • Aplicações nesses títulos cresceram e não há sinal de desaceleração desse movimento

A B3 divulgou um relatório sobre a participação de pessoas físicas na Bolsa de Valores. Além de mostrar aumento no número de investidores em renda fixa e variável, o levantamento revela que os Certificados de Depósito Bancário (CDB) são a grande estrela dos investimentos atualmente. 

Hoje, 70,8% das pessoas que investem em produtos de renda fixa têm pelo menos um CDB em carteira. São 6,8 milhões de pessoas físicas em CDBs que têm um saldo de R$ 473 bilhões de aplicação nesse tipo de produto. Em relação ao final do ano passado, houve um aumento de 11% de pessoas físicas com CDB na carteira. 

CDB para fugir da inflação 

Para Felipe Lima, gestor na FL Asset, o atual cenário econômico é um dos fatores que mais contribui com a migração para o instumento. A inflação não para de subir e não há expectativa de diminuição do câmbio no médio prazo. Somado a isso, o Banco Central promove uma alta da taxa básica de juros. Como os CDBs são ligados ao CDI, que anda muito próximo à Selic, a tendência é que eles paguem cada vez mais nos próximos meses. 

Os CDBs são uma ótima opção para os investidores que querem fugir da inflação, já que alguns deles pagam uma taxa igual ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) mais um prêmio. O noticiário convida os investidores a se proteger da alta dos preços: o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o IPCA subiu 1,25% em outubro e acumula alta de 10,67%. 

Investindo em CDBs atrelados ao IPCA, o investidor consegue rentabilidade até 5,5% maior do que a inflação em uma aplicação de quatro a sete anos. Para quem quer surfar na onda da alta da Selic, os CDBs atrelados ao CDI são a opção ideal. 

Títulos melhores

Os CDBs estão muito mais acessíveis aos investidores comuns, aqueles que não têm R$ 1 milhão em aplicações, que são os chamados investidores qualificados. Há bons produtos disponíveis no mercado hoje com aplicação inicial de R$ 1 rendendo até 135% do CDI ou IPCA + 5%. Além disso, aplicações menores que R$ 250 mil reais são protegidas pelo FGC. Portanto, se o banco te der um calote, você não perderá seu dinheiro.

Além de mais acessíveis, os CBDs estão melhores, segundo Felipe Lima: “Temos taxas muito interessantes de bancos médios e pequenos. Fica muito clara a migração desse público (entrante) para investir em títulos de instituições que têm um peso menos”. 

A alta de 105,89% no estoque (a soma desses títulos em circulação) de 2011 a agosto deste ano nos mostra que há indícios de que a qualidade do produto tenha melhorado, já que os bancos competem muito mais entre eles para conseguir esses empréstimos. 

Levantamento: Nova Futura Investimentos

Investidor mais esperto 

Com o mercado financeiro brasileiro se desenvolvendo e cada vez mais e investidores entrando em aplicações mais sofisticadas do que a poupança, é natural que as pessoas procurem informações sobre onde colocar o dinheiro. Nesse contexto, cresce a procura por instrumentos mais rentáveis, o que também pode explicar a alta procura pelo crédito privado. 

O Brasil tem, hoje, 103 corretoras de investimentos, segundo a B3. Com a concorrência entre as empresas, elas investem em publicidade e conteúdos educativos, o que ajuda os investidores no acesso à informação. 

“Nos últimos cinco anos, o investidor brasileiro melhorou muito sua capacidade analítica e seu nível de conhecimento, e isto pode ser creditado às corretoras, que fizeram uma distribuição de informação muito boa sobre novos produtos e serviços financeiros. Os investidores estão mais espertos, mais cientes das possibilidades”, afirma Felipe Lima, da FL Asset .