Brasileiro investe mais em criptomoeda que em fundo imobiliário

Relatório da FGV mostra que investidor tem uma visão mais imediatista do que os franceses e ingleses
Pontos-chave:
  • Brasileiros olham mais para a rentabilidade passada no curto prazo
  • Liquidez ocupa um espaço de destaque por conta da possibilidade de resgate rápido

Apesar da altíssima volatilidade das criptomoedas, os brasileiros investem mais neste tipo de ativo que em fundos imobiliários, commodities e moeda estrangeira, mostra um relatório do Centro de Estudos em Finanças (FGVcef) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas que compara o comportamento de brasileiros, franceses e ingleses.

Entre as três nacionalidades, os brasileiros são os que estão mais expostos a criptoativos, como o bitcoin e stablecoin, quase na mesma proporção do quanto se aplica em ações e fundos de renda variável. As aplicações mais arriscadas dividem o páreo no terceiro lugar quando se trata da alocação de recursos dos investidores individuais do Brasil.

No outro extremo, a maior parte dos participantes da pesquisa afirma que investe em poupança ou seguro pessoal. Os títulos públicos (Tesouro Direto) e outros produtos de renda fixa aparecem em segundo lugar. É quase um tudo ou nada. Ou bastante segurança, ou muito risco.

Brasileiro conhece os riscos das criptomoedas

De acordo com o estudo, os investidores entendem que as criptomoedas são os ativos mais arriscados. “O investidor parece atribuir um maior risco às criptomoedas, moedas e commodities e um menor risco à conta poupança e seguros pessoais”, aponta o texto.

Na hora de decidir os investimentos, a opinião do gerente ainda tem mais importância que o próprio risco para os brasileiros. Diferentemente das outras duas nacionalidades, que fazem do risco um norte na hora de aplicar o dinheiro.

De olho no curto prazo

Também divergindo dos franceses e ingleses, os brasileiros olham mais para a rentabilidade passada no curto prazo, do mês anterior, enquanto as outras nacionalidades tendem a observar os rendimentos dos últimos 12 meses.

De modo geral, os brasileiros têm uma visão mais imediatista dos objetivos financeiros, investimento primariamente no curto e médio prazo e bem menos que os franceses e ingleses no longo e muito longo prazo. Talvez por este motivo, a liquidez ocupa um espaço de mais destaque para os brasileiros, que valorizam muito a possibilidade de resgate rápido dos dinheiro investido.

O relatório mostra ainda que a possibilidade de perder parte do montante investido é o maior medo dos investidores. E o brasileiro se preocupa mais com a falência da instituição e com a iliquidez, se comparado aos franceses e ingleses. “É possível que isso seja reflexo de um mercado mais líquido e desenvolvido nesses países”, avalia a FGVcef.