Altcoin é opção barata de criptomoedas. Mas serve para você?

Elas surgem de várias formas e podem custar centavos; o risco é alto
Pontos-chave:
  • Moedas digitais oscilam e nas últimas semanas vêm registrando quedas fortes
  • Antes de entrar no mercado, analise o projeto por trás da cripto

Investir em criptomoedas é ter coração forte e sangue frio. Elas oscilam constantemente e nas últimas semanas vêm registrando quedas fortes, por isso são mais recomendadas para investidores arrojados e, mesmo assim, eles nunca devem investir mais do que 5% do que têm em moedas virtuais, dizem os analistas.

Se todo este cenário não te assusta ou se você está pensando em entrar devagar nesse mercado, olhe com carinho para as altcoins. Altcoin é a abreviação de alternative coins, nome dado a qualquer criptomoeda que não seja o pioneiro bitcoin (BTC). Além de surgirem através de brincadeiras, elas podem nascer com o desenvolvimento de todo um novo sistema do zero, como é o caso dos altcoins ethereum (ETH, o maior altcoin do mercado) e cardano (ADA). Também surgem a partir de sistemas previamente desenvolvidos, como o chainlink (LINK). Você sabe quando as altcoins se tornam uma boa opção para ter em carteira?

Como escolher uma altcoin?

Muitos tokens que tinham um market cap muito elevado em 2017, ano de euforia das criptos, hoje possuem um valor baixíssimo e são pouquíssimo procuradas – as chamadas dead coins, ou moedas mortas. No pior dos cenários, milhares de criptomoedas deixaram de existir nos últimos anos por não conseguirem engajar uma comunidade ou por não sustentarem bons projetos.

Por isso, antes de entrar no mercado, o investidor deve analisar muito bem o projeto por trás da cripto. Há muitas reclamações em fóruns? Quais pessoas fazem parte da equipe? A plataforma da cripto resolve problemas pertinentes encontrados em outras plataformas, como a cardano busca fazer em relação ao ethereum? O projeto conta com bons desenvolvedores para construir um sistema eficiente e fazer a moeda valorizar?

É o que defende Ayron Ferreira, Head Researcher da Titanium Asset. Para ele, os altcoins que podem ter potencial de valorização no futuro estão ligadas à plataforma de contrato inteligente. “Isso porque tudo o que vai ser construído no mercado cripto vai ser posto sobre essas plataformas de contrato inteligente como o ethereum” explica Ferreita. Ou seja, tudo o que for concorrente ao ethereum e apresente uma solução nova e que faça sentido dentro do sistema, tende a ter uma possibilidade de lucro, porque está resolvendo um problema legítimo.

Levando essa análise de projeto em consideração, o investimento em memecoins como Shiba Inu e Dogecoin exige o dobro do cuidado. Essas criptomoedas representam bem um fenômeno social, que é a interação entre as comunidades de cripto, mas geralmente não contam com projetos sólidos por trás dos tokens e ficam na seara da especulação.

Como investir em altcoins?

Uma das vantagens dos altcoins está no preço. Enquanto o bitcoin custa cerca de R$ 140 mil, a chiliz (CHZ) está na casa dos R$ 0,60 centavos. Ativos melhor estabelecidos, como a cardano (ADA) e a tether (USDT), valem respectivamente R$ 3,00 e R$ 4,80. O ethereum, por sua vez, custa mais de R$ 8 mil.

Para ter uma exposição mais segura aos altcoins, destacamos três formas:

  • ETFs de criptomoedas
    Os fundos de índice disponíveis na Bolsa de Valores do Brasil são o ETHE11 e o QETH11, que seguem o desempenho do ethereum. Também existe o ETF HASH11, uma cesta com os principais ativos negociados na Nasdaq. Essa modalidade de investimento tem taxa de administração e de custódia, mas o processo é menos arriscado do que operações peer-to-peer (P2P), em que o investidor negocia diretamente com outros investidores.
  • Fundos de criptomoedas
    O ethereum está entre as moedas mais negociadas pelos fundos de investimentos. A XP Investimentos e a QR Asset são exemplos de instituições que disponibilizam cotas em fundos de criptomoedas, mas cobram os custos de administração. Vale dizer que fundos de criptos se dividem em duas categorias: para o investidor de varejo, em que 20% do fundo está exposto em criptomoedas e 80% em renda fixa; e para o investidor qualificado, ou seja, que tenha pelo menos R$ 1 milhão aplicado, em que a exposição a criptomoedas pode ser de até 100%.
  • Exchanges
    Por serem moedas digitais, não é possível guardar criptomoedas em cofres ou na sua conta corrente. Em vez disso, esses ativos ficam disponíveis em corretoras digitais, chamadas exchanges. Lá, além de guardar criptomoedas, é possível negociar suas altcoins. Exemplos de corretoras com essa operação no Brasil são Binance e Mercado Bitcoin.

Por que as pessoas investem em altcoins?

Ayron Ferreira explica que existe um senso de pertencimento de quem investe nas altcoins. É o caso do ether, token do ethereum. Ferreira afirma que ela vai continuar competitiva no decorrer dos anos e vai conseguir se manter reinando. Há ainda uma forte torcida e comunidades engajadas de moedas digitais chamadas ethereum killers, como a solana (SOL), a avalanche (AVAX) e a polkadot (DOT).

Para quem as altcoins são mais indicadas?

Criptoativos são renda variável e sofrem oscilações frequência. Por isso, é uma opção que exige um perfil e investidor arrojado, que suporta o vai-e-vem do mercado. Para quem está começando agora, Ayron Ferreira afirma que o primeiro investimento deva ser feito em bitcoin, criptomoeda que está no mercado há mais de uma década e é considerada a menos arriscada, ainda que tenha risco elevado.

Ferreira recomenda que o investimento total em bitcoins seja de até 5% do seu patrimônio. É necessário, também, se atentar à liquidez do ativo, que não é imediata. A moeda pode ficar anos na carteira até se valorizar e poder ser vendida por um preço maior.

“Investidores, mesmo iniciantes, têm que ter a cabeça de gerenciamento de risco porque é assim que as grandes instituições pensam e trabalham: pensando sobre quanto elas podem perder em cada operação, em cada investimento que elas fazem”, ressalta Ferreira.