Ações de varejo foram mal em 2021; vale a pena investir no ano que vem?

Via (VIIA3) caiu 55% no ano; Magazine Luiza (MGLU3) despencou 74%; Lojas Renner (LREN3) teve desvalorização de 34%; o momento pode ser bom apenas para quem tenha perfil agressivo
Pontos-chave:
  • As ações de varejistas são pressionadas à medida que a concorrência cresce no mercado nacional
  • Fique de olho nas ações de empresas do setor de vestuário

O varejo brasileiro já teve boas temporadas de venda e épocas de crescimento exponencial. 2021, porém, não foi um bom ano para o setor, que sofreu com a economia patinando e viu as ações caírem. Via (VIIA3) caiu 55% no ano; Magazine Luiza (MGLU3) despencou 74%; Lojas Renner teve desvalorização de 34% e Carrefour perdeu 19%. Os analistas dizem que em 2022 a situação não deve ser tão melhor.

É hora de investir em ações das varejistas?

O varejo vive de consumo. Quanto mais as pessoas compram, mais as empresas desse setor são beneficiadas. De 2003 a 2012, o varejo brasileiro viveu sua década de ouro, com muito crescimento enquanto a renda do brasileiro crescia e o consumo era estimulado. Agora, o cenário é completamente diferente: o salário real está em queda, pressionado pela inflação, a Selic a 9,25% – e subindo –  encarece o crédito e desestimula o consumo e o consumidor está longe de ficar confiante com a economia.  

Como a inflação deve continuar sendo um problema em 2022 e a Selic certamente vai ficar acima dos 10% ao ano, 2022 não parece o ano ideal para investir em ações do varejo. Outro fator que não ajuda é a precificação dos papéis.  

Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, explica que a aposta de uma reabertura econômica foi colocada nos papéis de varejo, o que fez as ações irem a múltiplos elevados e os preços caírem após a percepção de que a economia levaria mais tempo que o esperado para se recuperar.  

E ainda tem a concorrência

Além do cenário desanimador na economia, as ações de varejistas são pressionadas à medida que a concorrência cresce no mercado nacional. Players como Shoppee e Shein vêm ganhando espaço. “Isso deve pressionar ainda mais as margens das empresas brasileiras de e-commerce”, diz Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos.

O que você tem a ver com isso?  

Se você, investidor e investidora, está pensando em comprar ativos desse setor, cuidado. É arriscado investir nas empresas de varejo? Para Crespi, sim. “Para mim, é arriscado investir nas varejistas, mas se os investidores quiserem entrar no setor, eu não compraria empresas de e-commerce, prefiro algo relacionado a atacarejo, com destaque para o Assaí, que tem um modelo de negócio interessante e é eficiente”.  

É a chance para os mais agressivos 

Túlio Nunes, especialistas em finanças da Toro Investimentos, diz que é o momento para quem tem perfil agressivo procurar oportunidades. “Os preços estão atrativos e a relação entre risco e retorno pode trazer ganhos com a volatilidade do mercado”, diz o especialista. Para quem quer apostar no varjeo, Nunes indica o investimento na Via, que vem reportando crescimento em seu maketplace e investindo em logística. Ele ainda destaca o esforço da empresa para minimizar seu impacto no meio ambiente, o que a transforma em uma boa opção para quem investe na agenda ESG. 

Onde estão as oportunidades no varejo? 

O segmento de vestuário também pode ser uma boa para o investidor. Fabrício Gonçalvez enxerga uma melhoria na operação da Renner e maior aderência do consumidor à compra de roupas online, o que pode beneficiar a empresa. Já Crespi aposta no segmento de alta renda, onde estão Arezzo e Grupo Soma, dono de marcas como Hering, Farm e Animale. Para o analista, são empresas que têm consumidores menos sensíveis à inflação e alta de juros, além de venderem no exterior e entregar balanços fortes.