Copa do Mundo e economia mundial: qual é a relação?

A escolha das sedes da Copa do Mundo em economias emergentes não é coincidência, mostra relatório do Goldman Sachs. Veja em detalhes.

A 22ª Copa do Mundo acontecendo em 2022, e quem podia imaginar que ela poderia ser em dezembro e sediada pelo minúsculo Catar? Ahá! Pois é aí que eu te falo que isso não é tão surpreendente assim! Copa do Mundo e economia tem tudo a ver, e eu te explico!

Acompanha comigo… A África do Sul em 2010, Brasil em 2014, Rússia em 2018… complete a frase… isso aí! BRICS. Só que o C ao invés de China foi Catar em 2022, e isso claramente mostra como a escolha do país está ligada a ascensão das economias emergentes.

Copa do Mundo X PIB mundial

A ligação entre o futebol, Copa do Mundo e economia mundial é evidente na escolha dos anfitriões do torneio.

Aliás, há muitos anos, o ex-presidente da gestora do Goldman Sachs Jim O’Neill faz essa análise da conjuntura econômica dos países e a Copa. Desde 1998, o Goldman Sachs junta 31 economistas do mundo inteiro para analisar a performance e probabilidades do país na economia e no campo. É a sétima edição do relatório.

E na análise desse ano temos uma reflexão que me deixou pensativa. Antes que a FIFA completasse o álbum de figurinhas dos países sede com todos os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), houve uma reviravolta de muitos países importantes nos últimos anos. Então, a Índia e a China ainda continuariam no radar da FIFA para serem anfitriões no futuro?

Olhem esse gráfico em que mostra nas colunas a proporção dos países fora dos redutos tradicionais do futebol e na linha o impacto deles no crescimento real do PIB global.

Tradução: Uma conjuntura mais diversa, no futebol e na economia. Assim como a composição do PIB global tem ficado cada vez mais diversa, a Copa do Mundo também inclui um número crescente de times de fora da Europa e Américas. Enquanto mais de 30% dos participantes vêm da Ásia e África, apenas times da América Latina e Europa Ocidental conseguiram aumentar o grupo até agora. Legenda do gráfico: Proporção de times de fora da Europa e Américas participando da Copa do Mundo. Peso de países de fora da Europa e Américas no PIB global. Fonte: FIFA, Haver Analytics, Goldman Sachs Global Investment Reasearch

Sendo assim, desde a década de 80 até a última copa, o crescimento real do PIB global foi, em média, 3%. Portanto, a aceleração nas últimas duas décadas foi puxado pelos países emergentes e coincide com o período em que a FIFA começou a selecionar anfitriões fora dos redutos tradicionais do futebol.

Por que escolher uma economia emergente?

Não é que a FIFA só queira cenários exóticos para os americanos e eurocentristas, mas temos consequências mais amplas e não tão previsíveis. A Copa do Mundo é um momento para os países anfitriões mostrarem suas atrações para investidores globais. E essas impressões podem ser duradouras.

Agora, se o futuro da economia global for muito diferente dos últimos 20 a 30 anos, com os países emergentes não passando por outro boom, isso impacta nas decisões da FIFA? Você há de convir que é difícil imaginar a organizadora da Copa entusiasmada com futuras competições em países de mercados emergentes, se esses eles contribuem menos para o crescimento econômico mundial.

A Copa tem sido a espinha dorsal das receitas da FIFA. Por isso, já se fala de transformar a Copa em um torneio bienal. Mas aí, os aspirantes a mercados emergentes terão cada vez mais dificuldade em sediar o torneio mais assistido do mundo? A FIFA é um indicador avançado ou atrasado da economia mundial e do grau de globalização? Qual é a sua opinião?